A hora do Homem-morcego encarar os maiores pesadelos


O Coringa se ofereceu pacificamente para ser encarcerado no terrivelmente emblemático e largamente reconhecido Arkham Asylum. É claro, algo não cheira bem nisso. Logo torna-se óbvio que o caótico vilão tem uma carta na manga, conforme ele organiza um imenso levante com algumas das maiores mentes criminosas presentes no manicômio. Ruim para o Batman. Potencialmente bom para os jogadores, que há tempos esperam por um jogo realmente bom e condizente do morcego.

Embora ainda não se saiba exatamente qual, afinal de contas, será a história contada pelo roteirista Paul Dini (velho conhecido dos amantes de desenhos animados, sendo a mente por trás da história que embalava o ótimo Batman: The Animated Series e até o caricato e renascido Duck Dogers), recentemente tornou-se um pouco mais clara a forma como o detetive encapado via atravessar os diversos desafios de Batman: Arkham Asylum.

Tudo bem, nada de modo história até o momento. Entretanto, pode-se agora vislumbrar com mais clareza qual será o andamento da aventura bolada pela Rocksteady Studios. As duas fases bônus recentemente liberadas abarcam, basicamente, os dois pontos fortes de Batman: luta corpo-a-corpo e ataques furtivos; ou, no termo já quase universal, “stealth”.

Pow! Bang! Kapow!

Primeiro a pancadaria. Seguindo a atual preconização da indústria de games para a jogabilidade — aquela que afirma que “quanto mais simples e extravagante melhor” —, Arkham Asylum lança mão de vários movimentos típicos do herói, a maioria executada com comandos diretos. São combinações de combos, manobras acrobáticas, desarmamentos e mais toda a clássica parafernalha do inconfundível cinto de utilidades (ou “bat-cinto”, como preferirem). Isso fica bem claro na primeira fase bônus, que vai colocá-lo em um espaço reduzido atulhado de brutamontes.


A jogabilidade traz, basicamente, um desfile do herói em meio a diversos inimigos genéricos — estilo daqueles caras com gorro de lã ou capuz que fazem ponta nos quadrinhos desde... bom, desde sempre —, envolvendo tudo desde ataques diretos, até combos, ataques múltiplos (envolvendo vários inimigos) e contra-ataques. Além dos movimentos diretos, você ainda vai poder contar em vários momentos com uma ajudinha dos ambientes, espertamente engendrados para se tornarem armas em potencial.

Vamos aos movimentos básicos, considerando-se aqui a versão para Xbox 360. O botão “X” será o seu botão de ataque primário. Mais ou menos, é aquele que, caso você desconheça algum arranjo mais elaborado para utilizar, pode ser apertado desesperadamente; uma hora o inimigo cai. Já o botão “Y” servirá para revidar, o botão “B” deixará os inimigos momentaneamente atordoados e o botão “A” possibilitará verdadeiras manobras acrobáticas, seja para pular sobre os inimigos ou para movimentos evasivos.

“Se eu posso simplesmente ficar apertando o botão ‘X’ feito um desesperado, por que eu perderia tempo a clássica pirotecnia dos movimentos dos quadrinhos?”. Basicamente, por uma simples questão numérica. Tudo bem, um único inimigo pode mesmo acabar tombando com uma rápida e simples sequência de golpes estilo “Streets of Rage”.

Entretanto, caso você enfrente vários delinqüentes lunáticos ao mesmo tempo, é bem possível que o seu Batman seja também flanqueado. Eis aí uma ótima oportunidade de receber um “Game Over” ou de utilizar os contra-ataques. Isso vai disparar ataques estilo “The Bourne Conspiracy”, conforme, por exemplo, Batman agarra o braço do oponente e desfere um belo soco no estômago, ou agarra um oponente, bate contra outro que acaba desabando de um parapeito... é mais ou menos por aí.

Trata-se, basicamente, de uma dança contínua através de estupefatos inimigos. Atordoe um inimigo. Desfira um combo. Utilize um ataque de contexto. Tudo isso liberando animações bastante polidas e fluidas.

Esgueirando-se entre as sombras

É claro, em alguns momentos pode ser muito mais interessante tentar métodos de abordagem um pouco menos diretos. Sobretudo quando você tiver pela frente um espaço amplo lotado de inimigos pesadamente armados. Aí o negócio é ir com calma, valendo-se da vertente mais “quadrinesca” do herói mascarado.

Silent Predator Arena, o segundo modo bônus recentemente revelado, traz exatamente essa premissa. Sim, você ainda poderá lançar mão de um jeito mais Lobo de ser, chutando tudo e todos pela frente. Não, Batman não é o Lobo, e isso pode significar um rápido “Game Over” — uma vez que tenha acabado a energia, é “kaput”.

Uma ferramenta que vem bastante a calhar nesses momentos onde uma maior discrição se faz necessária é a “investigative vision” (visão investigativa). Isso vai tornar o ambiente à sua volta imediatamente mais escuro, enfatizando os inimigos armados e desarmados respectivamente com as cores azul e vermelho. Isso pode dar uma boa idéia de quem deve ser atacado primeiros e como.

É claro, o Homem-morcego não utiliza armas de fogo. Mas ninguém falou nada sobre gel explosivo. Um dos ataques furtivos mais típicos trazidos por Arkham Asylum envolve justamente espalhar explosivos através de uma área onde, com a distração certa, vários inimigos podem se concentrar. Aí é detonar tudo e assistir ao circo pegando fogo.

A idéia aqui é realmente exibir alguns dos ataques característicos dos quadrinhos, do tipo que puxa rapidamente um desafortunado inimigo em meio a escuridão, deixando apenas um segundo elemento gritando assustado — normalmente também atirando sem nenhuma direção específica. Para tanto, você pode se esgueirar por diversos pontos estratégicos, pulando sobre pontos elevados e, posteriormente, utilizando uma garra para içar um bandido (de preferência sem chamar muita atanção).

A gama de ataques furtivos ainda conta com manobras tipicamente Splinter Cell, do tipo em que o herói se aproxima por trás e enforca o inimigo antes que este possa ao menos esboçar uma reação. É claro, sendo Batman o protagonista (o herói politicamente correto com valores a zelar), esses ataques visam simplesmente invalidar os lunáticos do cenário.

Tudo bem, trata-se apenas de fases bônus. Entretanto, o material divulgado até o momento mostra claramente duas coisas. Primeiro, a ação dual do herói — às vezes mais discreta, outras vezes “partindo pra ignorância” —, representada aqui por cada uma das fases bônus, parece ter sido fielmente recriada (seguindo a propaganda de que o jogo seria baseado no Batman dos anos 70).

Segundo, os movimentos e animações, bastante polidas e fluindo naturalmente com o desenrolar das lutas, mostram a apregoada Unreal Engine 3 em uma ótima forma. Isso sem contar o ótimo design dos cenários, que, embora não tenham ligação direta com os filmes recentes do morcego, são, claramente, inspiradas em ambientes encontrados em The Dark Knight — muito mais tecnológicos do que místicos.

Enfim, mesmo correndo o risco de fazer um julgamento precipitado, cabe dizer: Batman: Arkham Asylum pode sim marcar o merecido renascimento do Homem-morcego em um jogo de videogame — quer dizer, caso você desconsidere a sua recente incursão em Mortal Kombat vs. DC Universe ou no mais longínquo e cinzento Batman Begins (PS2).



Fonte: Baixakijogos

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