"Para a Nintendo sim, as coisas estão mesmo más. A Nintendo começou este ciclo com uma posição dominante no terreno dos portáteis e tomou a decisão de não competir com o PS3 e o Xbox 360 em gráficos. Expandiram o seu protagonismo nos portáteis e a ideia de não lutar contra o resto funcionou. Cinco anos depois, continuam a dominar nos portáteis e nos consolas. No entanto a sua dinâmica acabou com a proliferação dos iPods e dos smartphones, e com a ultrapassagem dos consoles HD."
O analista relembrou que falou do Wii HD tanto em 2009 como em 2010 porque já previa que isto ia acontecer. "Tenho muito respeito pela gestão empresarial da Nintendo e pensei que eles também se dariam conta disso. Ficou claro que eles não partilham da minha visão e que os resultados desta semana são consequência de manterem-se no oceano azul em vez de competirem no oceano vermelho," advertiu Pachter.
"Infelizmente, os resultados da Nintendo demonstram que o oceano já não é azul. Os tubarões já não andam em círculos. Eles estão devorarando a fatia de mercado que pertence à Nintendo. O Wii perdeu a sua dinâmica e foi ultrapassado pelo Xbox 360 nos Estados Unidos e PS3 na Europa e Japão," apontou o analista.
De fato, segundo os dados internos da própria Nintendo, este ano o PlayStation 3 foi o console mais vendido na Europa, o Xbox 360 o mais bem sucedido nos Estados Unidos, e o Wii teve apenas picos de vendas momentâneos devido à sua redução de preço em maio.
Mas mesmo perante os resultados financeiros do último semestre da Nintendo, talvez os piores dos últimos 30 anos, muitos são os que estão preocupados com a situação da companhia de Satoru Iwata. Alguns deles vão mesmo ao ponto de relembrarem o que aconteceu com a Sega.
A Sega, que também já foi fabricante de consoles, teve sucessivos fracassos e perdas econômicas (Saturn e Dreamcast), sendo mais tarde confrontada com a decisão de retirar-se da fabricação de hardware para passar a dedicar-se única e exclusivamente à produção de jogos para outros consoles, até mesmo para sua grande rival Nintendo.
"Acreditamos que a viabilidade da Nintendo ainda não deve ser posta em xeque. Houve momentos nesta companhia com 122 anos de história em que eles tiveram em crise, mas conseguiram sempre resistir."