O comentário original de Taro foi feito em novembro do ano passado, quando o site japonês Manga Library Z - que distribuía digitalmente mangás fora de circulação - foi forçado a sair do ar. O motivo? Pressão de empresas como Visa e Mastercard, que exigiram que o site removesse ou censurasse certas palavras ligadas a conteúdo adulto em suas publicações.
Taro, como sempre, foi direto ao ponto:
“O fato de que uma empresa de pagamentos, que faz parte da infraestrutura de distribuição de conteúdo, pode tomar esse tipo de decisão por conta própria me parece perigosíssimo.”
E vai além:
“Isso mostra que, ao controlar processadoras de pagamento, é possível censurar até a liberdade de expressão de outro país. Isso não é só sobre conteúdo adulto - é uma falha de segurança que coloca a própria democracia em risco.”
O problema voltou - agora nos games
O alerta de Taro voltou a circular agora que jogos adultos estão sendo afetados por campanhas de boicote no Steam e no itch.io. Estúdios independentes relataram problemas com a monetização de seus títulos por pressão de empresas de pagamento.
Enquanto isso, criadores e fãs têm organizado “boicotes reversos” pedindo que Visa, Mastercard e outras deixem de impor essa “pânico moral”. Uma petição contra a censura já soma quase 100 mil assinaturas.
Para piorar, a linha entre o que é "adulto demais" ou "inaceitável" está cada vez mais turva. Naomi Clark, do NYU Game Center, alertou que jogos autobiográficos e sensíveis feitos por criadores LGBTQ+ e sobreviventes de traumas estão sendo afetados. Um exemplo citado foi Consume Me, da artista Jenny Jiao Hsia, que fala sobre distúrbios alimentares de forma íntima e artística - e mesmo assim corre o risco de ser banido por “violação de regras”.
Liberdade criativa em risco
O que era para ser uma escolha artística e até terapêutica, agora se vê encurralado por interesses comerciais com tons morais. A questão que fica é: devemos aceitar que empresas privadas decidam o que podemos criar, vender ou consumir? Quando o dinheiro se torna a ferramenta de controle, até o conteúdo mais legítimo corre o risco de sumir da internet.
🔍 A pergunta que fica é: quem deve decidir o que pode ser publicado ou jogado? E será que empresas privadas deveriam ter esse tipo de poder, mesmo sem base legal?
No fim, a fala de Yoko Taro parece ainda mais atual - e necessária - do que quando foi feita. Estamos falando de algo que vai além de “conteúdo adulto”. Estamos falando de liberdade de expressão e do direito de criar e consumir histórias que refletem a realidade de muita gente.
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