“O papel do console está mudando” — Os preços em alta são o começo do fim dos videogames como conhecemos? !!

Estamos vivendo tempos sem precedentes - e o futuro dos consoles nunca pareceu tão incerto. E o motivo é simples: o preço. Cinco anos após o início dessa geração, os consoles nunca foram tão caros, quebrando um padrão histórico em que os preços caíam com o tempo, conforme a produção se tornava mais barata. Mas agora… é diferente.

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Nos EUA, o Xbox Series X custa hoje US$ 150 a mais do que no lançamento, enquanto o Series S subiu US$ 100. No Reino Unido, os aumentos chegam a £50 e £100, respectivamente. E não é só a Microsoft: o PlayStation 5 também ficou mais caro nos Estados Unidos e na Europa. É a primeira geração em que um comprador do lançamento poderia revender seu console com lucro.

Mas será que é apenas uma fase? Os preços podem voltar ao normal se o cenário econômico global melhorar - ou estamos vendo o início de uma nova era, em que consoles se tornam produtos de luxo?

Para entender o que está acontecendo, especialistas como Mat Piscatella (Circana Research), Piers Harding-Rolls (Ampere Analysis) e o jornalista Chris Dring (GamesIndustry.biz) foram unânimes em um ponto: “não entre em pânico.”

“Já ouvimos muitas vezes que o PC gaming ia morrer. Que os portáteis iam morrer. E ninguém diz isso hoje”, lembra Dring.

Piscatella concorda: “Sempre haverá um mercado para novos consoles, pelo menos no futuro próximo.”

Mas ele ressalta - o papel do console está mudando.

Por que os preços estão subindo?

Além da inflação global e da crise do custo de vida, guerras, tarifas e instabilidade geopolítica estão encarecendo a produção e o transporte. Nos EUA, por exemplo, as tarifas de importação impostas pelo governo elevaram os custos de componentes fabricados fora do país.

A Sony e a Microsoft justificaram os aumentos citando o “ambiente econômico desafiador”. Mas há quem veja decisões estratégicas por trás disso.

O ex-presidente da Blizzard, Mike Ybarra, afirmou que “os aumentos de preço dos consoles não são por causa das tarifas, mas por causa dos lucros”. Ou seja, as empresas estão menos dispostas a vender consoles com prejuízo, como faziam no passado.

“Antes, as fabricantes perdiam dinheiro no hardware para lucrar com os jogos e assinaturas. Mas essa equação já não funciona em 2025”, explica Harding-Rolls.

Com vendas abaixo do esperado e dificuldade para competir com o PS5, a Microsoft começou a lançar seus próprios jogos no PlayStation, quebrando décadas de tradição.

E agora?

Os analistas acreditam que os preços podem subir ainda mais, e dificilmente voltarão aos níveis de lançamento. Harding-Rolls é direto:

“O ciclo de preços que levava consoles a custarem metade do preço inicial no fim da geração acabou.”

Ainda assim, há motivos para otimismo. O Nintendo Switch 2 teve um lançamento recorde, com 3,5 milhões de unidades vendidas em poucos dias. E, embora as vendas gerais de hardware estejam caindo, as empresas estão lucrando mais com serviços e microtransações.

Mas o fato é que o mercado de consoles não está crescendo - está apenas se transformando.

“Os consoles não estão morrendo”, diz Piscatella. “Mas já não são um segmento de crescimento.”

Consoles se tornam produtos “premium”

Chris Dring resume a nova realidade:

“Antes, o console era a porta de entrada para o mundo dos games. Hoje, essa função é do celular. O console virou um produto premium.”

E isso muda tudo. As empresas agora se perguntam como transformar jogadores de mobile em usuários de console, e como manter uma base envelhecida de fãs.

Enquanto isso, dispositivos como o Steam Deck e o ROG Ally X (da Microsoft) buscam preencher o espaço entre PC e console, apostando na ideia de jogar em qualquer lugar.

No fim, o cenário é claro: os consoles não estão morrendo, mas o que eles representam está mudando profundamente.

Talvez estejamos presenciando não o fim, mas o renascimento do conceito de console - como um item de nicho, premium e cada vez mais conectado ao ecossistema digital.

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