Análise : Valkyrie Profile: Covenant of the Plume (Nintendo DS)

Sacie a sede por vingança
No final da década de 1990, quando a Square Enix começava a investir menos em produções originais e criativas e dar mais atenção unicamente a jogos da marca "Final Fantasy", a Enix continua como uma rica fonte de idéias cativantes. Desse período vem a série "Valkyrie Profile", um curioso RPG que mesclava aventura 2D com batalhas por turno, tudo embalado por uma forte trama baseada na mitologia nórdica.

Depois de uma sequência e um remake de extrema competência nos consoles rivais da Sony, a franquia estréia no Nintendo DS apresentando alterações radicais, mas ao mesmo tempo preservando a essência do que faz "Valkyrie Profile" tão especial.

Vingança contra os deuses

Em vez de focar na valquíria Lenneth ou alguém da família dela, "Covenant of the Plume" abre espaço no palco para guerreiros mortais comuns. O protagonista em questão (e não necessariamente herói) é Wylfred, um mercenário que aguarda imensa amargura e rancor em relação à valquíria pelo fato de ela ter tirado a vida do pai dele a fim de que ele se juntasse aos exércitos dos deuses.

Batalhas épicas rumo ao Ragnarök
Em certo ponto, quando está à beira da morte, Wyl ganha a chance de ter vingança contra a divindade guerreira e aceita a oportunidade. O presente é também um fardo, já que para alcançar o objetivo o rapaz deve encher o coração de maldade e cometer o maior número de pecados e sacrifícios possível, a fim de forjar a arma definitivamente para cortar as asas da valquíria e apagar a existência dela. De maneira muito inteligente, tal trama se entrelaça à mecânica de jogo.

Em vez de explorar calabouços como em um jogo de aventura, mudando a perspectiva apenas nas batalhas, tal qual nos primeiros episódios, "Covenant of the Plume" adota uma personalidade de RPG de estratégia. Clichês obrigatórios aparecem de forma competente: antes das batalhas pode-se organizar as habilidades da equipe, cidades abastecem de itens e armamentos e até mesmo a visão é isométrica (vista de cima e meio de lado), tal qual acontece em todos os episódios de "Final Fantasy Tactics".

Na sua rodada de ataque, podem-se mover livremente os personagens de acordo com as habilidades de cada. Chegando a uma determinada distância dos inimigos aciona-se a opção de atacar. Caso um aliado esteja próximo ele também participa da investida, que é realizada como nos títulos originais, ou seja, cada herói é atribuído a um botão e cabe ao jogador ditar o ritmo das pancadas.

Após o ataque, o inimigo tem o direito de contra-atacar. E, claro, vice-versa ocorre. Assim, apesar de ser em essência um RPG de estratégia, a mecânica de batalha é competente em prover um combate ágil e cheio de reviravoltas. Um movimento errado pode causar a destruição de uma unidade ou um ataque combinado fulminante ao adversário.

No mais, "Covenant of the Plume" não foge do que mais se espera de um título deste porte. Os personagens evoluem atributos, aprendem habilidades e assim por diante. Contudo, entra em cena outro elemento único que se amarra de forma genial ao enredo. Wyl é dono de uma pena maldita, capaz de liberar um potencial de combate tremendo de um colega de equipe ao custo da vida dele no final da luta. Para apimentar a opção, só se pode aplicar isso a um colega caso já se tenha criado uma certa afinidade com ele, ou seja, acaba sendo um verdadeiro sacrifício no caminho de tantos que Wyl necessita para vencer a valquíria.

A popular série de RPGs chega ao DS
Pontuado por referências aos episódios passados, este "Valkyrie Profile" apresenta um enredo forte, emocionante e sombrio, que impressiona ainda mais pelo fato de conseguir ser tão bem contado no DS, uma plataforma de gráficos limitados - os personagens são todos bonequinhos pixelados que lembram a série "Final Fantasy" na época do Super Nintendo. Ainda assim, os cenários são dotados de uma beleza ímpar para o gênero no pequeno console e queda de velocidade é uma falha inexistente aqui.

A trilha sonora é decepção e alento ao mesmo tempo, já que apresenta várias das faixas mais memoráveis dos games anteriores, mas ousa pouco nas composições originais, cativando mais pela nostalgia das obras de Motoi Sakuraba do que pela inspiração atual.

Infelizmente, um modo para vários jogadores não se faz presente e seria muito desejável, já que as batalhas são tão estratégicas e divertidas - ainda que por vezes demoradas demais graças às elaboradas animações de combate e a burocracia de menus típica deste estilo de game.

CONSIDERAÇÕES

Dono de um enredo maduro e sombrio e um sistema de combate divertido e instigante, "Valkyrie Profile: Covenant of the Plume" se estabelece como um dos melhores RPGs do Nintendo DS. O ritmo lento dos combates pode desagradar alguns, assim como a falta de inspiração musical, mas são falhas que ficam pequenas perantes as grandes qualidades do jogo.

Fonte : UOL Jogos

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