Review - Copycat: Quando o coração mia mais alto que as palavras !!

Em meio a tantos jogos grandiosos e cheios de ação, é raro encontrar uma experiência que opta pelo silêncio, pela contemplação e pelo poder das emoções simples. Copycat, desenvolvido pelo estúdio australiano Spoonful of Wonder, é exatamente isso: uma fábula moderna sobre identidade, abandono, amor e aceitação - tudo contado pelos olhos de um gato. Mas não se enganem: por trás dessa estética fofa e da premissa felina, há um jogo que toca temas profundos com mais sensibilidade do que muito drama humano.
 
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Um conto felino com alma humana

A história de Copycat começa com Olive, uma gata resgatada por uma idosa solitária chamada Dawn. Em pouco tempo, Olive se torna parte da rotina da casa: acompanhando os passos da dona, dormindo aos pés da poltrona, recebendo carinhos. Mas tudo muda com a chegada de um gato idêntico - um “copycat” - que, aos poucos, substitui Olive em afeto e presença. O jogo então mergulha em uma jornada emocional sobre rejeição e identidade. Quem somos, quando nós somos esquecidos? Copycat responde isso com metáforas sutis, cenários melancólicos e uma construção narrativa que se recusa a apressar as emoções.

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Jogabilidade minimalista, impacto máximo

Copycat não é sobre puzzles desafiadores ou mecânicas complexas. Aqui, você caminha, observa, interage com objetos, escuta pensamentos e sentimentos - tudo no ritmo da vida de um gato abandonado. As interações são simples, mas cheias de intenção. Um toque em um brinquedo, um olhar para a poltrona vazia, um miado não respondido… tudo transmite algo. A jogabilidade está mais próxima de uma visual novel interativa com elementos de exploração narrativa. E isso é proposital: o foco está nos sentimentos, não nos desafios.

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Arte e som: poesia em pixels e piano

Visualmente, Copycat é um deslumbre. A direção de arte aposta em tons suaves, iluminação aconchegante e cenários que parecem pinturas em movimento. A ambientação doméstica, com detalhes íntimos - como uma xícara esquecida ou uma poltrona gasta - reforça o senso de pertencimento (e sua ausência). A trilha sonora é um show à parte: trilhas de piano delicadas, efeitos sonoros mínimos e momentos de silêncio que dizem mais do que qualquer diálogo. A atuação de voz, quando aparece, é sensível e bem dirigida.

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Temas maduros, forma gentil

Apesar da aparência adorável, Copycat trata de temas maduros: negligência, solidão na velhice, e o medo de sermos substituídos. Mas tudo isso é feito com extrema delicadeza, quase como se o jogo acariciasse o jogador mesmo ao falar de dor. É impossível não se apegar a Olive e, ao final, não refletir sobre nossas próprias relações.

Pontos fortes

  • Narrativa emocionalmente poderosa: A história é simples, mas profundamente tocante. 
  • Visual e trilha sonora belíssimos: Um trabalho artístico que valoriza cada detalhe. 
  • Sensibilidade rara: Trata de temas pesados com leveza e empatia.
Pontos fracos
  • Duração curta: A jornada é breve (2 a 3 horas), o que pode decepcionar quem espera uma experiência mais longa.
  • Interatividade limitada: Alguns jogadores podem sentir falta de mais liberdade ou mecânicas mais elaboradas.
  • Ritmo lento: Intencional, mas pode não agradar a todos os perfis. 

    Veredito

Copycat é uma experiência sensorial e emocional única. Não é um jogo para todos, especialmente quem busca ação ou desafio, mas para quem estiver disposto a embarcar numa história com alma, ele entrega algo raro: um pequeno espelho de emoções humanas, refletido nos olhos de um gato rejeitado. Prepare-se para se emocionar, refletir e talvez abraçar seu bichinho com mais carinho depois dos créditos finais.

Nota: 9 / 10

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