O polêmico acordo de US$ 55 bilhões que tornará a Electronic Arts uma empresa privada sob novo controle já está chamando a atenção do governo americano. Segundo informações publicadas pelo site 404 Media, dois senadores dos Estados Unidos - Richard Blumenthal e Elizabeth Warren - enviaram uma carta à EA e ao Departamento do Tesouro expressando preocupações com a influência estrangeira da Arábia Saudita sobre uma das maiores editoras de games do mundo.
O negócio, anunciado no fim de setembro, coloca o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF), o grupo Affinity Partners, de Jared Kushner, e a Silver Lake como novos donos da EA. Mas, segundo os senadores, o acordo pode abrir portas para riscos de segurança nacional e comprometer a independência editorial da companhia.
“O potencial do acordo de expandir e fortalecer a influência estrangeira saudita nos Estados Unidos é agravado pelos riscos à segurança nacional relacionados ao acesso e à influência não controlada do governo saudita sobre as informações pessoais sensíveis coletadas de milhões de usuários da EA”, afirmam Blumenthal e Warren.
Eles também alertam que o envolvimento saudita em áreas como inteligência artificial, coleta de dados de jogadores e direcionamento de produtos pode representar ameaças à privacidade e à autonomia criativa da empresa.
O papel da Arábia Saudita na indústria de games
O fundo saudita vem investindo pesadamente no setor de entretenimento digital. Além da EA, o PIF já adquiriu participações em empresas como Nintendo, Capcom e SNK, e firmou um acordo de 12 anos com o Comitê Olímpico Internacional para sediar eventos de Esports Olímpicos no país.
Esses movimentos fazem parte de uma estratégia de “limpeza de imagem” internacional, dizem críticos, tentando associar a Arábia Saudita a setores culturais e tecnológicos em vez de suas violações de direitos humanos e da repercussão global do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.
Enquanto o acordo da EA ainda aguarda aprovação, o debate sobre ética, segurança e influência estrangeira promete esquentar - e pode redefinir como governos enxergam investimentos internacionais dentro da indústria de games.
Comentários