Desenvolvedores de jogos japoneses dizem que jogadores detestam tutoriais !!

Todo mundo que joga já passou por isso. Você abre o jogo, está animado… e aí vem uma sequência interminável de caixas de texto, telas paradas e instruções que você mal lê. Resultado? Muita gente simplesmente fecha o jogo. Essa velha dor virou tema de uma discussão bem interessante no X, iniciada por “Itchie”, programador e produtor japonês que já trabalhou em estúdios como Square e SNK.

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E a conclusão dele é direta, quase desconfortável para quem desenvolve jogos:

👉 o problema não é que os jogadores não entendem os tutoriais. É que eles querem jogar imediatamente.

O erro clássico: explicar demais, medir de menos

Itchie contou que, durante o desenvolvimento de um jogo mobile, percebeu uma taxa alta de desistência logo no início. A reação imediata foi a mais comum possível:
“Talvez os jogadores não estejam entendendo o tutorial.”

A solução?
Mais explicações.

Só que, ao analisar os dados com calma, veio o choque: os jogadores quase não estavam lendo nada. O abandono acontecia porque eles ficavam tempo demais sem tocar nos controles.

A correção foi simples e quase poética:
⏱️ cortar 30 segundos do tutorial.

Resultado?
📈 retenção visivelmente melhor.

“It was a failure caused by assumptions instead of measurement”, resumiu Itchie. (“Foi uma falha causada por suposições em vez de medição”)

Traduzindo para o idioma do jogador:
ninguém abriu o jogo pra ler, abriu pra jogar.

“Gerência pede mais texto, jogador quer emoção”

A conversa ganhou força com outros devs japoneses entrando no debate. Shimaguni Yamato, também desenvolvedor, foi direto ao ponto:

“Gestores sempre dizem ‘adicione mais explicações’, mas eu sempre fico relutante. É melhor dar aquela sensação de empolgação logo de cara.”

Segundo ele, sistemas complexos devem ser apresentados depois que o jogador já está fisgado, não antes. Ele cita inclusive Xenoblade Chronicles 2, famoso por seus tutoriais densos, como exemplo de algo que poderia ter sido melhor dosado ao longo da experiência.

A ideia central é simples e poderosa:
🎮 primeiro o prazer de jogar, depois a complexidade.

“Jogadores odeiam tutoriais”, diz designer veterano

Quem foi ainda mais sincero foi Hiroyuki Matsumoto, CEO da Flight Unit e character designer de franquias como Atelier:

“Jogadores só querem jogar. Não importa o quanto você explique.”

Ele admite que, mesmo jogando todos os dias, raramente absorve tutoriais no começo. O que realmente ajuda?

• um círculo vermelho
• um aviso antes de gastar item raro
• prompts rápidos no momento certo

Nada além disso.

É quase um manifesto do jogador moderno.

Nintendo, a mestre do tutorial invisível

Como era de se esperar, muita gente trouxe a Nintendo para a conversa. E não à toa. Segundo Alwei, líder da Indie-us Games:

“Jogadores não leem manuais, pulam tutoriais e só procuram ajuda quando precisam. A Nintendo é a melhor em ensinar sem parecer que está ensinando.”

Jogos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time, Mario Kart e até o recente Donkey Kong Bananza foram citados como exemplos de tutoriais ideais ou até inexistentes, onde o aprendizado acontece jogando, errando e experimentando.

Nada de texto excessivo. Nada de interrupções desnecessárias.

No fim das contas…

Essa discussão toca num ponto delicado da indústria:
📌 não é falta de inteligência do jogador. É falta de paciência para esperar.

O tutorial perfeito talvez não seja o mais completo, nem o mais detalhado.
Mas sim aquele que sai do caminho rápido o suficiente para deixar o jogo brilhar.

E você?
👉 Prefere tutoriais completos ou aprender jogando, do jeito clássico?

Nota do Luciano: Mas aí depois reclamam que não sabem o que fazer no jogo... 

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