Microsoft não considera perda de receita dos estúdios próprios ao calcular lucro do Game Pass !!

Apesar do clima interno tenso na Xbox - com demissões em massa, cancelamentos de projetos e até o fechamento de estúdios -, a Microsoft continua afirmando que o Xbox Game Pass é um serviço lucrativo. Porém, uma análise recente do jornalista Christopher Dring, editor-chefe do The Game Business, lança dúvidas importantes sobre essa conta.

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Em uma série de postagens na rede X (antigo Twitter), Dring explica que a Microsoft considera o Game Pass lucrativo apenas levando em conta os custos com marketing, operação do serviço e taxas pagas a publishers terceirizados. O que não entra no cálculo? O impacto financeiro dos jogos lançados por seus próprios estúdios, que chegam ao serviço no dia do lançamento.

“Se os estúdios próprios da Xbox recebessem uma compensação similar à dos estúdios terceirizados para colocar seus jogos no Game Pass, talvez esse lucro deixasse de existir,” afirmou Dring.


Game Pass é lucrativo… em partes

De acordo com fontes internas citadas por Dring, a Microsoft admite abertamente que os custos dos jogos próprios não são incluídos na métrica de lucratividade do serviço. Isso significa que, mesmo que o Game Pass esteja de fato gerando receita positiva em contratos com empresas terceirizadas, o mesmo não pode ser dito para os jogos produzidos pela própria Xbox Game Studios.

Esse dado ganha ainda mais peso quando relembramos o discurso do ex-diretor da Arkane, Raphael Colantonio, que na semana passada chamou o Game Pass de “insustentável” e acusou a Microsoft de vender ilusões sobre seu impacto nas vendas:

“Cansei das mentiras do tipo ‘não se preocupem, isso não afeta as vendas’. Anos depois admitem que sim, afeta - sério, é claro que afeta!”


Modelo sustentável ou apenas temporário?

A discussão sobre a sustentabilidade do Game Pass está ganhando força, mesmo dentro da própria Microsoft. Recentemente, o CEO da divisão de jogos, Phil Spencer, declarou que o serviço é uma "opção saudável para certos jogadores", mas reconheceu que não é um modelo ideal para todo mundo:

“Se você joga apenas um ou dois títulos por ano, talvez o Game Pass não faça sentido. Nesse caso, o ideal seria comprar esses jogos diretamente. Mas queremos oferecer essa escolha ao jogador.”

Em fevereiro, Spencer também declarou que a Microsoft não pretende substituir a ideia de posse de jogos por serviços de assinatura, mas o rumo recente da empresa — com forte foco em Game Pass e cortes em estúdios - gera dúvidas sobre quanto essa filosofia ainda se sustenta na prática.


A longo prazo, o Game Pass pode cobrar a conta

Desde a aquisição bilionária da Activision Blizzard, a pressão por resultados financeiros aumentou na divisão Xbox. Conforme revelado por jornalistas como Tom Warren (The Verge), a Microsoft impôs metas de receita extremamente agressivas à divisão de games, o que pode estar por trás das demissões e reestruturações em andamento.

Dessa forma, ainda que o Game Pass esteja sendo tratado como um sucesso interno, há sinais claros de que esse modelo não fecha a conta no longo prazo, especialmente quando os jogos lançados por estúdios internos - como Starfield, Redfall, Hi-Fi Rush e Sea of Thieves - são incluídos no serviço sem gerar vendas diretas.


Conclusão

O Game Pass é, sim, um serviço atraente para o consumidor, oferecendo acesso a uma biblioteca vasta por um preço acessível. No entanto, quando analisamos o modelo de negócios por trás dele, especialmente no contexto dos jogos de estúdios próprios, fica evidente que há lacunas no conceito de “lucratividade” adotado pela Microsoft.

Enquanto isso, o futuro da divisão Xbox segue em xeque - e o Game Pass, antes visto como o trunfo definitivo da plataforma, pode estar se tornando um dilema estratégico difícil de resolver.

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