Os consoles de videogame já foram sinônimo de entrada no mundo gamer, mas hoje a realidade é bem diferente. Custos em alta, público envelhecendo e uma base ativa que cresce em ritmo mais lento têm levantado a dúvida: será que os consoles estão em crise? Ou será que estamos apenas vendo uma mudança no papel que eles exercem dentro da indústria moderna?
Recentemente, o presidente da Capcom, Tsujimoto Haruhiro, levantou a questão em entrevista ao Nikkei, mostrando preocupação com o alto preço do PS5 e o impacto que isso tem até mesmo na venda de jogos como Monster Hunter Wilds.
E ele não está sozinho. Dados da Circana e da Ampere mostram que:
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Mais caros e mais elitizados
Nos EUA, 43% das vendas de hardware de videogames já vêm de famílias com renda anual acima de US$ 100 mil — em 2018, eram 36%. -
Público envelhecendo
A média de idade dos jogadores de console subiu de 24,2 anos (2018) para 27,9 anos (2024). E a faixa de 18 a 24 anos, que representava 10% das compras de consoles em 2022, despencou para apenas 3% em 2025. -
Receita recorde, mas menos unidades
Em 2022, o mercado de consoles nos EUA bateu US$ 6,6 bilhões em receita de hardware, o maior da história. Mas em termos de unidades vendidas, o cenário é mais preocupante: foram 12 milhões de consoles em 2024, o menor número em oito anos. -
PS5 x PS4, Xbox Series x Xbox One
O PS5 vende bem, mas ainda está atrás do ritmo do PS4. Já o Xbox Series S/X fica muito distante dos números alcançados pelo Xbox One no mesmo período de vida. -
Base ativa menor
A Ampere estima que, até o fim de 2025, haverá uma diferença de 14 milhões de consoles ativos a menos em comparação com a geração PS4/Xbox One. Até 2026, essa diferença pode chegar a 20 milhões.
Apesar dos desafios, não dá para falar em fim dos consoles. Pelo contrário:
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O Switch 2 teve o maior lançamento de um dispositivo dedicado de games na história.
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A PlayStation elevou sua previsão financeira graças ao engajamento da base de usuários (são 124 milhões ativos entre PS4 e PS5).
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A Microsoft prepara dois novos portáteis, ligados ao ecossistema Xbox/PC.
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E claro, GTA VI promete ser um divisor de águas em 2026, empurrando vendas e renovando a base de jogadores.
Mesmo com sinais positivos, há pressões de longo prazo:
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Preços em alta em um mundo onde famílias se preocupam com inflação e custo de vida.
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Celulares e tablets como porta de entrada para os gamers mais jovens, reduzindo o “status” do console como primeiro passo no universo dos jogos.
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Menos exclusividades: com custos de desenvolvimento nas alturas, até PlayStation e Xbox estão lançando seus títulos em PC e até em concorrentes, o que dilui o apelo de cada máquina.
Ao longo das décadas, muita gente já previu o “fim dos consoles” - e eles continuam firmes. O que mudou é que hoje eles não são mais o único centro da experiência gamer. Em vez de dominar pelo acesso exclusivo, os consoles agora precisam se destacar como parte de um ecossistema maior, conectado a serviços de assinatura, streaming e até dispositivos móveis.
O futuro não é de extinção, mas de adaptação. O console deixa de ser apenas a porta de entrada para virar o ponto de encontro da experiência gamer mais completa e imersiva.
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