“Realengo dos Games” ou “Jornalismo dos Pobres”? por Ricardo Farah !!

Confiram essa matéria/desabafo de Ricardo Farah do TechTudo: Se existe alguém a quem eu devo agradecer todos os dias por ter me feio criar apego aos games esse alguém é meu pai.

Minha mãe conta que, pouco antes de eu nascer, ela e meu pai juntavam o pouco que ganhavam para preparar todo enxoval do filho prestes a nascer. Sabe o que meu pai fez? Foi até uma grande rede de lojas em SP e investiu as economias em um novíssimo Atari 2600.

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Por isso que eu digo que realmente nasci com o joystick nas mãos. Comendo cereais no café da manhã e passando todas as tardes jogando todos os novos games que meu pai trazia. É estranho, mas se eu puxar na minha memória quais foram os 10 games mais importantes para minha infância, a lista sempre se repete:

- Super Mario World
- Sonic
- Day of the Tentacle
- Streets of Rage
- Golden Axe
- Doom
- Duke Nukem
- Mortal Kombat
- Carmageddon
- GTA

Notou um padrão aí? Pois é, com exceção dos três primeiros títulos, todos os outros incitam a violência. Você não leu errado. MEU PAI me apresentou as estes games. Eu cresci matando demônios, espancando punguistas, arrancando corações, atropelando civis e roubando inocentes – tudo isso com o aval dos meus pais, em um mundo de fantasia chamado videogame.

Confiram o resto depois do break


Eu cresci, estudei, me formei, casei e arrumei emprego. Me sinto uma pessoa mentalmente saudável e conscientemente claro dos meus limites como ser humano. Sei disso porque eu cresci jogando videogames. Não posso simplesmente pegar uma metralhadora e sair pelas ruas fazendo a limpa em que achar necessário (ainda que bancar O Comediante para acabar com criminosos seja algo deveras interessante). Os games me ensinaram isso.

O jogo Bully foi lançado em 2006, mas não foi por causa dele que o bullying existe nas escolas. Bully existe desde que a figura da instituição de ensino foi criada no mundo contemporâneo que estamos. Seu avô sofreu bullying.

O que eu quero dizer é que não existe relação alguma de que games incitam violência na vida real. Existem estudos que levantam bandeiras de todos os lados. Mas nada prova nada. Assim como ninguém pode provar que semianalfabeto não deve ser presidente da República ou que assistir ao filme Amor Estranho Amor incita fazer “sexo com os baixinhos”.

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Parece que o tal Wellington Menezes de Oliveira, protagonista da chacina em Realengo, jogava games. Mas o que isso realmente importa quando estamos falando de alguém que viveu a vida que ele viveu, teve a família que teve e, principalmente, conviveu no ambiente que esteve?

O buraco é mais embaixo.
Se os games tivessem um papel tão grande na vida de um assassino como ele, o mesmo deveria ser dito da televisão, da internet, do cinema, da MúsicaPobreBrasileira, dos ataques nas favelas cariocas, das notícias sensacionalistas que estampam todas as capas dos jornais brasileiros…

De verdade, por quê a mídia está tão preocupada em continuar a informar a população as novidades do já mundialmente conhecido “Caso Realengo”? Pior ainda, o que leva os supostos especialistas associarem os jogos eletrônicos com o caso?

Digo isso de todos os especialistas. Dos psicólogos ao delegado que cuida do caso. Da atendente social aos jornalistas. Sim. A única espécie que não deveria cometer falhas é a que infelizmente tem fraquejado em prol da atenção da população: o jornalista.

Jornalista que usa artifícios para sustentar sua teoria de que assassinos só existem graças aos jogos eletrônicos é profissional da pior espécie. Pior ainda é associar os clássicos GTA e Counter-Strike ao menino Wellington.


Ok, as investigações levam para o fato de que Wellington conhecia as palavras Grand Theft Auto e Counter-Strike. Mas desde quando estes games trazem como mote principal “matar mulheres, crianças e idosos afim de acumular pontos”? Aliás, existe ESCOLA em algum destes jogos?

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Wellington, como todo jovem que joga videogame, deveria mesmo era pegar prostituta em GTA e balear policial corrupto em Counter-Strike. Se ele não fazia isso, definitivamente ele gastava seu tempo em ler tutoriais na internet em como manejar uma arma de fogo ou como deveria fazer para adquirir uma arma ilegalmente no Rio de Janeiro. E eu não preciso de nenhum mestrado ou experiência em investigação criminal para garantir isso.

Você também não precisa. Assim como você também sabe que pode muito bem dar “uma Googlada” aí e aprender a manejar um Speed Loader tão bem ou melhor do que Wellington.

Difícil mesmo é engolir que GTA tem criança e CS tem velho. Quando GTA tiver criança a Rockstar fechará suas portas. Porque ela sabe os seus limites. Porque games tem, sim, limites. Difícil é dar limites para jornalistas que não sabem apurar fatos, checar fontes e jogar videogames. Já diriam os sábios da antiguidade: cada profissional na sua área.

O fato é que o caso em Realengo já deveria ter sido enterrado pela mídia há muito tempo. Mas esse é o típico caso semelhante ao do casal Nardoni. Dá ibope, vende revista, ganha retwitte… Por isso este assunto está longe de acabar. Infelizmente.

Só espero, assim como todos os amigos jornalistas especialistas em games de verdade, que nossos colegas de profissão sejam iluminados como uma boa estrela de Super Mario World e deixem de usar os jogos eletrônicos como muleta para sustentar suas teses editorias. Que deixem as famílias das vítimas descansarem em paz.

Porque videogame, meu amigo, é coisa séria. E eu levo isso a sério.

13 comentários:

Tiago disse...

Falou simplesmente a verdade. Parabéns !!

Amaro Luiz disse...

É que é mais fácil culpar quem não tem culpa, e deixar as responsabilidades dos nossos governantes de lado, a culpa é totalmente do poder público que não se preocupam em mudar as leis que só beneficiam os ladrões, traficantes, políticos, etc... Hoje em dia é mais fácil e mais comprar uma arma de fogo, do que comprar um videogame.
Meu pensamento é o mesmo que você escreveu, é isto aí.

Anônimo disse...

Brother. Video Game é minha valvula de escape, onde esqueço dos problemas e entro em outros mundos. Graças aos games consigo desopilar e encarar a pressão do dia a dia neste mundo de cão.

Marcelo.

Mr_TLX disse...

O cara falou por toda nação gamer que está de são cheio desses mals Profissionais ...

Não é a toa que não é mais necessário diploma para ser jornalista ...

Rafael Conte disse...

Muito bom, parabéns Ricardo Farah! Que bom que nos gamers estamos levando isso adiante, ficar quieto não dá ainda mais depois desta bobagem! E pelo que eu vi até hoje só esse ReCocord que afirma isso!

influenza dmd disse...

agora sim falou bonito!
quando é que um jornalista desses da record [com dois neurônios] falar algo tão inteligente a esse nível eles vão conseguir honrar seu titulo de jornalista.

Unknown disse...

seria engraçado a Record fazer um jornalismo investigativo sobre as verdades da igreja universal de forma imparcial e colocar no domino espetacular...
certamente muitas cabeças rolariam por la :P

Anônimo disse...

na realidade o que acontece no MUNDO, sim, no MUNDO, qualquer local do mundo é que.
Vamos dizer esse caso do Wellington.
Mato o diabo a 4, fez o Diabo a 4, então blz, ai a policia e jornalista e todos os outros ve esse caso e pensa "O que leva uma pessoa a fazer isso?" a resposta é "Não sei".
então vem na cabeça de cada infeliz desse "Vamos falar que é os jogos e ja eras".
Ai como sempre, sempre é GTA e CS, os 2 jogos, daqui 100 anos ainda vão falar que é esses 2 game kkk'
é tenso, deveria existe varios Wellington para dar umas passada em brasilia, na record, em todos que pensa assim.....

Viniciu$ disse...

Falou Tudo!

Unknown disse...

O fato real é que o poder público necessita desesperadamente apresentar um culpado a sociedade, de preferência um que não possa se defender ou questionar. Entretanto os governantes não contavam com a união formada entre os gamers e que faremos o necessário para provar que games não matam pessoas, apenas as divertem!!!

Amigos, vamos mostrar a estes imbecis que não estão tratando com alienados, faremos demonstração da agilidade de raciocínio que os games nos deram. Ao ataque!!!

Weliton E3 disse...

se jogar muitos jogos violento incentiva a violencia, hoje eu seria um serial killer q mataria pessoas pra fazer tapete de couro pra colocar na sala =]

mas não, jogos violentos nunca afetaram minha vida fora dos videogames.

nevaska14 disse...

Cuidado comigo eu jogo CoD Black ops , algum dia posso sair na runa matando todo mundo
modo ironic on!

Lucas disse...

Muito bom o artigo. Tá de parabens o Ricardo Farah, valou somente a verdade sem hora alguma manipular os dados, coisa que a Rede Record fez discaradamente.
Mais uma vez parabens pelo artigo Ricardo Farah.