“A Microsoft tinha medo de que a Sony dominasse a sala de estar”: Peter Moore relembra bastidores da guerra Xbox 360 vs PlayStation !!

Quase 20 anos depois do auge da guerra dos consoles, Peter Moore - o homem que literalmente subiu ao palco com tatuagens de Halo e GTA no braço - voltou para contar como a Microsoft entrou de cabeça no mercado de videogames e transformou o Xbox 360 em um fenômeno global. E, como sempre, Moore não economizou nas histórias.

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Em uma nova entrevista para divulgar seu livro Game Changer, o ex-chefão do Xbox revisita a época em que a empresa decidiu enfrentar de frente o domínio do PlayStation e entrar de vez na sala de estar das pessoas. E aí a gente percebe como essa disputa foi muito mais intensa (e estratégica) do que parecia do lado de fora.

O medo que impulsionou tudo

Segundo Moore, a principal motivação da Microsoft era bem simples - e bem real:
Bill Gates tinha medo que a Sony “dominasse a living room” e deixasse a Microsoft presa apenas ao escritório.

Naqueles anos, a Sony reinava absoluta como marca de entretenimento. Televisões, som, filmes, Blu-ray, games… tudo passava por ela. E na visão de Gates, se a Microsoft não fizesse algo urgente, o futuro digital da casa seria definido sem eles.

“Parecia estranho, mas naquele tempo a Sony estava em todo canto da sala de estar. E o que assustava o Bill era a ideia de a Microsoft virar só uma empresa de escritório.” - Peter Moore

Foi esse medo - quase existencial - que deu origem ao projeto que, internamente, atendia pelo codinome Xenon. Um plano claro: criar um console moderno, online, conectado e capaz de colocar a Microsoft no centro da vida das pessoas.

A entrada de Peter Moore e a quebra do estereótipo “nerd Microsoft”

Moore conta que foi convidado pessoalmente por Steve Ballmer, enquanto ainda trabalhava na Sega, para assumir uma posição estratégica no Xbox. O motivo? A Microsoft precisava de alguém mais agressivo, que entendesse o mercado de games e, principalmente, que não tivesse o estereótipo “corporativo” da empresa.

“Eu não era o típico funcionário da Microsoft. Eles queriam alguém que subisse no palco e desse porrada na Sony.”

E Moore fez exatamente isso.
Se tornou o rosto do Xbox 360, ajudou a consolidar a marca como um “challenger” irreverente e trouxe uma postura que o público gamer amava.

 

O nascimento do Xbox 360: ousadia, risco e pressa

Quando Moore chegou, o primeiro Xbox já estava sendo aposentado. Era hora de focar tudo no sucessor - e aí começou a corrida:

  • lançar antes do PS3,

  • atingir 10 milhões de consoles o mais rápido possível,

  • criar uma plataforma online superior,

  • e transformar o Xbox em um hub de entretenimento, não apenas uma “caixinha de jogar”.

Moore conta que tinha um lema: “first to 10 million wins”.
Se o Xbox instalasse sua base cedo, criaria o famoso efeito de rede: “meus amigos têm, eu também preciso ter”.

E deu certo.

Xbox Live: a verdadeira bomba atômica da geração

Para Moore, o maior trunfo da Microsoft não foi o hardware - foi o Xbox Live.

Antes de Facebook, Twitter, Twitch, antes de qualquer rede social moderna… a Live já conectava milhões de pessoas no mundo inteiro, todos os dias, em jogos que praticamente criavam pequenas comunidades globais.

“A Live foi o precursor das redes sociais modernas.”

Foi tão forte que a Microsoft teve coragem de cobrar pelo serviço mesmo quando a Sony oferecia o PlayStation Network de graça. E mesmo assim… o público pagou. Porque a experiência era melhor.

O design do 360 e a batalha pela sala de estar

Moore também revelou algo curioso:
O design do Xbox 360 nasceu da obsessão da Microsoft em entrar na sala de estar sem estranhar.

O console precisava:

  • parecer elegante,

  • competir visualmente com eletrônicos da Sony,

  • ficar bonito ao lado da TV,

  • e agradar “a mãe da casa”.

Isso explica o formato curvo, o branco clean, as faceplates personalizáveis e a ideia de uma máquina que ficava tão bem de pé quanto deitada.

Do outro lado do ringue: Sony

Segundo Moore, a rivalidade interna era real, intensa e constante.
O Xbox era o “nerd novo da escola”, tentando roubar espaço de uma marca que dominava tudo.

“Isso era uma guerra. Uma guerra por mentes e corações.”

E quando o 360 explode em popularidade antes do PS3 chegar… a Sony realmente sente o baque.

Fechando essa primeira parte da história

Moore deixa claro: o sucesso do Xbox 360 foi resultado de ousadia, risco, uma pitada de loucura e uma equipe que tinha liberdade total para construir algo novo. Não era mais “a Microsoft fazendo videogame” - era o Xbox, uma marca independente, com linguagem própria, marketing próprio e ambição global.

Amanhã, na segunda parte da entrevista, Moore promete falar sobre:

  • o lançamento do 360,

  • o caos dos bastidores,

  • o futuro do Xbox,

  • e o lado “sujo” da guerra de consoles.

Se essa primeira parte já é assim… imagina o resto.

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