“Isso não é só uma fase de adolescentes” - Peter Moore relembra como o Xbox 360 virou um fenômeno cultural !!

A gente já sabe: o Xbox 360 não foi só um console. Ele foi um momento. Um impacto cultural. Um divisor de águas. E hoje, na segunda parte da entrevista com o lendário Peter Moore, o ex-chefão do Xbox abre o coração sobre como aquele videogame deixou de ser “coisa de menino de 15 anos” e virou um marco na história dos games.

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Ontem, Moore contou como o 360 nasceu - desde a missão de quebrar a imagem “careta” da Microsoft até o famoso “jogo de provocações” que alimentou a guerra Xbox vs. PlayStation. Agora, ele leva a gente para o backstage: o planejamento do lançamento, os bastidores da line-up, o impacto de Gears of War e até como convenceram a Rockstar a levar GTA para o Xbox. E, claro, como tudo isso moldou a indústria de hoje.

Vale lembrar: Moore lançou recentemente sua autobiografia, Game Changer, onde revisita sua carreira em Sega, Microsoft, EA, no Liverpool FC, e até no futebol polonês com o Wisła Kraków.

Preparando o palco: como revelar o Xbox 360 ao mundo

Moore explica que o processo de revelação não é só “mostrar o console e pronto”. Leva meses - às vezes anos - alinhando mensagens, marketing, engenharia, logística, varejo… tudo orbitando um conceito que até hoje ele lembra palavra por palavra:

“Estamos criando uma experiência viva de entretenimento movida pela energia humana.”

Esse era o mantra. Xbox não era hardware: era comunidade. E, para reforçar isso, eles decidiram fugir das apresentações tradicionais e criaram o inesquecível Zero Hour, no deserto da Califórnia. Um hangar gigantesco, um brilho verde saindo pelas portas, 500 beanbags com 500 consoles rodando tudo que o 360 podia oferecer.

Se você conseguisse chegar lá e entrar, à meia-noite o caminhão da Best Buy aparecia para vender as primeiras unidades. Era cru, era direto, era gamer de verdade.

Depois do lançamento: medir sucesso sem se iludir

Moore conta que, no começo, o mais importante era simples: vender tudo. Se o console não esgotasse logo nos primeiros meses, era sinal de alerta.

Mas, depois disso, entravam os verdadeiros marcadores: attach rate de jogos, desempenho no Xbox Live, engajamento, vendas digitais, o que o varejo relatava… tudo monitorado quase em tempo real. E sem celebração precoce:

“É uma maratona, não um sprint.”

Eles já estavam pensando no Natal, no estoque, no marketing… e, claro, no que a Sony preparava com o PS3.

A line-up do 360: não ser ‘o console de tiro’

Halo era gigante. Gears of War chegaria chutando portas. Mas Moore sabia que não dava para ser “a caixa dos shooters”.

Por isso, o 360 precisava de variedade:
Kameo, Fable 2, Project Gotham Racing, Geometry Wars, Viva Piñata, além de parcerias estratégicas com third-parties e força total nos estúdios internos - incluindo a Rare.

Ele destaca algo que os fãs sempre comentam: a criatividade daquele início de geração foi rara. O 360 apostou em IPs novas, não só continuações.

Gears of War e o comercial que mudou a indústria

Moore ainda lembra do dia em que a agência entrou na sala, apagou as luzes e mostrou uma ideia ousada para o comercial de Gears:

“Mad World”, de Gary Jules, rodando sobre cenas in-engine. Nada de explosões. Nada de tiroteio frenético. Só emoção.

Foi tão marcante que virou referência para propagandas de videogame no mundo inteiro. Segundo Moore, foi ali que a indústria percebeu que “podia tocar o emocional” do jogador.

O momento GTA 4: o tatuagem que virou manchete

A cena é clássica: Peter Moore sobe no palco da E3, levanta a manga e mostra uma tatuagem de GTA 4.

Mas a história por trás disso é ainda melhor.

Na época, GTA era exclusividade da PlayStation. Convencer a Rockstar a trazer o jogo para o Xbox exigia dinheiro, claro - mas também confiança. A Rockstar precisava acreditar que valia a pena botar seus times para trabalhar em um console que ainda podia falhar.

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Depois de muitas reuniões na Broadway, o acordo saiu. E a tatuagem virou o símbolo dessa conquista.

Moore ri ao lembrar que, no ano anterior, fez o mesmo com Halo. Tudo começou com uma piada numa reunião:

 “O que eu tenho que fazer, tatuar a data no meu braço?”
Silêncio. Ideia aceita. E assim nasceu um dos momentos mais icônicos da E3.

Console War, pressão e ataques pessoais

Moore admite: eles alimentaram a guerra de consoles porque isso atraía atenção e empolgava a comunidade. E sim, funcionou. Mas o lado negativo veio junto: ataques, ofensas e mitos que persistem até hoje (como o absurdo de que ele “matou o Dreamcast”).

Ainda assim, ele reconhece:
“Se você coloca o queixo para frente, vai tomar soco.”

Para ele, fazer parte da história - de Sega, de Xbox e de EA - vale cada crítica.

E o presente? Como ele vê o Xbox hoje

Moore observa com orgulho que o Xbox 360 não criou só uma geração de jogos, mas ajudou a formar uma cultura. Ele lembra que o 360 foi o primeiro dispositivo de alta definição para muita gente, e que até as lojas usavam o console para demonstrar TVs HD.

E, mesmo vendo a Sony como líder em 2025, ele não demonstra frustração - só o sentimento de que o que fizeram há 20 anos moldou a indústria atual.

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